Dimetil mercúrio, C2H6Hg
Química Nova Interativa
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O dimetil mercúrio tem fórmula C2H6Hg e MM 230.7 g/mol. É um líquido incolor à temperatura ambiente, praticamente insolúvel em água e com cheiro ligeiramente adocicado. Tem PE de 92 °C e PF de -42 °C à pressão atmosférica, e uma densidade de 2,96 g/cm3.

 


1. A molécula possui uma estrutura linear, como sistemas HgX2, onde Hg-C = 2,083 Å.

 

2. Ligação organometálica Hg-C

 

 

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O minério de mercúrio mais encontrado é o cinábrio (sulfeto de mercúrio, HgS), cujas maiores reservas minerais estão na Espanha, Eslovênia e Itália.

O dimetil mercúrio é uma das substâncias neurotóxicas mais potentes conhecidas. Ele cruza prontamente a barreira sangue-cérebro, provavelmente devido à formação de um complexo metilmercúrio-cisteína, provocando ataxia, perturbação sensorial, alterações no estado mental e inibição de várias etapas da neurotransmissão no cérebro. É um veneno cumulativo, removido muito lentamente (excretado) do organismo, e, quando seus efeitos são notados, já é tarde demais para fazer qualquer coisa a respeito. No império romano, trabalhar em minas de minério de mercúrio (cinábrio) era considerado pena de morte!

O mercúrio pode estar associado a hidrocarbonetos gasosos e líquidos (petróleo, betumes) e também com minérios de carvão mineral. É um elemento de origem profunda (manto terrestre) que possivelmente ascende na forma de metil ou dimetil mercúrio. A alta afinidade do composto por grupos sulfidrílicos, parece exercer um papel central em seus efeitos tóxicos, há evidências de que o complexo metilmercúrio-L-cisteína (MeHg-Cys) pode facilitar o transporte de MeHg para vários tecidos.

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Dimetil Mercúrio

O dimetil mercúrio é um poluente ambiental que, nas últimas décadas, causou contaminação e intoxicação humana em várias partes do mundo. Eventos trágicos associados ao contato com dimetil mercúrio incluem:

(1) Mortes associadas ao co

nsumo de sementes / grãos tratados com fungicidas contendo compostos alquílicos de mercúrio: Canadá (1942), Iraque (1956), Suécia (1960), Paquistão (1961), Guatemala (1965) e Iraque (1971-1972).

(2) Consumo de peixes contaminados com mercúrio em Minamata (Japão) no início

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dos anos 50. A "Chisso Corporation", uma empresa petroquímica e fabricante de plásticos, como o cloreto de vinila,

descarregou resíduos de metais pesados no mar, incluindo compostos de mercúrio usados como catalisadores na sua síntese. Acredita-se que mais de 1400 pessoas foram mortas e umas 20 mil tenham sido envenenadas após a ingestão de peixes que se alimentaram de peixes menores e de plâncton contendo mercúrio. (biomagnificação).

(3) A morte da renomada química Karen Wetterhahn em 1997. Ela manipulava dimetil mercúrio com a finalidade de estudar a forma como os íons de mercúrio interagiam com proteínas de reparo do DNA. Apesar de todas as precauções adotadas por ela, o composto atravessou a sua luva e penetrou rapidamente na sua pele. Em janeiro de 1997, ela começou a sentir sintomas preocupantes: formigamento dos dedos das mãos e dos pés, fala atrapalhada, começou a ter problemas com seu equilíbrio e seu campo de visão diminuia. Testes revelaram que ela tinha um nível de mercúrio no sangue de 4.000 microgramas por litro, 80 vezes o limiar tóxico. Duas semanas depois, ela entrou em coma do qual nunca se recuperou, morrendo de junho de 1997.