Digoxina, C41H64O14
Química Nova Interativa
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A digoxina é um glicosídeo cardiotônico com fórmula C41H64O14 e massa molar 780,94 g.mol-1. Ela é uma substância sólida (T.F. 248-250 °C) nas condições ambiente.

Na molécula de digoxina, salienta-se:

 

 

 

A digoxina é um glicosídeo cardiotônico, isto é, é uma substância capaz de aumentar a capacidade de contração do músculo cardíaco nos animais. Ela é indicada, principalmente, na insuficiência cardíaca. A digoxina é obtida a partir das folhas da planta Digitalis lanata, também conhecida como dedaleira-lanosa ou dedaleira grega. Os glicosídeos cardiotônicos possuem em comum um núcleo esteróide contendo uma lactona insaturada na posição C17 e um ou mais resíduos glicosídicos em C3. A digoxina é um fármaco amplamente usado na prática clínica.

A digitoxina, um outro glicosídeo cardiotônico obtido, principalmente, das folhas da Digitalis purpurea (Dedaleira), possui atividade biológica semelhante à digoxina, e algumas vezes, é empregada em seu lugar. Porém, a digitoxina possui uma meia-vida maior do que a digoxina, e embora seus efeitos tóxicos sejam semelhantes, são mais duradouros na digitoxina. 

 

 

A digitoxina difere da digoxina apenas pela ausência de um grupo hidroxila na posição C12, o que resulta num composto menos hidrofílico.

 

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As dedaleiras têm sido usadas no tratamento de problemas cardíacos desde sua descoberta, creditada ao médico William Withering. Em 1775, um de seus pacientes chegou com um problema muito grave de coração, e já que Withering não tinha nenhum tratamento efetivo para aplicar, pensou que ele morreria. O paciente foi até uma cigana, tomou uma preparação contendo diversas ervas, e rapidamente se recuperou. Quando Withering ficou sabendo do fato, ficou muito empolgado e procurou pela cigana.

Depois de muita conversa, conseguiu que a cigana contasse o segredo de sua formulação. Após muitos esforços, Withering conseguiu chegar ao ingrediente ativo da formulação, que era a dedaleira Digitalis purpurea.

Withering tentou diferentes formulações com extrato da digitalis em 163 pacientes, e descobriu que se usasse as folhas secas e moídas, conseguiria resultados mais satisfatórios. Ele introduziu o uso oficial da planta em 1785, após a publicação da obra "An Account of the Foxglove and some of its Medical Uses", que continha relatos sobre os ensaios clínicos e notas sobre os efeitos e a toxidez da digitalis.

 

Devido ao fato de as dedaleiras apresentarem variação na dose terapêutica de acordo com a região de coleta e estação do ano, era muito fácil ultrapassar a dosagem segura. Logo, Withering recomendava sua diluição e administração de pequenas doses, repetidas várias vezes até que o efeito terapêutico se tornasse evidente. Esse procedimento era muito eficiente se administrado por pessoas experientes, mas também era muito demorado.

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Até hoje, substâncias derivadas das dedaleiras, como a digitoxina e a digoxina, são muito empregadas no controle dos batimentos cardíacos. Elas aumentam a força de contração do miocárdio (efeito ionotrópico positivo), aumentam o débito cardíaco (esvaziamento mais completo do coração), diminui a frequência cardíaca etc. 

 

 

Devido a sua baixa margem terapêutica, as intoxicações são frequentes. Os efeitos colaterais mais comuns dessas substâncias são: tontura, falta de ar, náuseas e cansaço.

 

 

Autor: Rafael Garrett, doutorando em química do IQ-UFRJ