Cisplatina, Cl2H6N2Pt
Química Nova Interativa
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A cisplatina, fórmula Cl2H6N2Pt - 300.1 g.mol-1, é um sólido cristalino amarelo profundo, quando oriunda de uma solução reconstituída apresentará coloração transparente (T.F. 270 °C - se decompõe).

 

Na molécula da cisplatina, planar, salienta-se:

 

 

 

A cisplatina ou diaminodicloroplatina (DDP) tem uma geometria quadrado planar. Esta forma minimiza interações repulsivas entre os elétrons nos orbitais d do centro metálico, e por isso os ligantes se organizam num plano ao redor do átomo de Pt, e não como um tetraedro. Há uma diferença entre as formas cis e trans de um complexo com dois conjuntos de ligantes idênticos sobre um átomo central planar, sendo a forma cis aquela biologicamente ativa.

 

 

cis trans

Ilustrações de cis-DDP e trans-DDP

 

 

A cisplatina é um composto inorgânico largamente empregado no tratamento de uma variedade de tumores. É um composto fascinante devido a sua descoberta acidental, seu poder terapêutico e mecanismo de ação.
O composto que chamamos de cisplatina foi sintetizado pela primeira vez por M. Peyrone, em 1844, e era denominado o "cloreto de Peyrone". Sua estrutura foi inicialmente elucidada por Alfred Werner em 1893. No início dos anos 60, uma série de experimentos nos laboratórios de Barnett Rosenberg, na Michigan State University, resultou em alguns resultados peculiares: a cisplatina prevenia a divisão celular da bactéria E. coli, mas não impedia nenhum outro processo de crescimento na bactéria. Este efeito fez com que o grupo de Barnett começasse a testar a cisplatina em tumores de camundongos. Verificou-se que a cisplatina era altamente eficaz na eliminação dos tumores. Ensaios clínicos com seres humanos mostraram resultados positivos, porém limitados, devido aos efeitos colaterais como toxicidade renal, vômitos, neurotoxicidade, supressão da medula óssea e perda de audição. Porém, os efeitos adversos tornaram-se suportáveis através do uso de terapias adjuvantes e a cisplatina foi aprovada para uso em 1978, sendo usada para combater uma série de tumores (tumores de células germinativas, carcinoma de bexiga avançado, carcinoma do córtex adrenal, câncer de mama, carcinoma de cabeça e pescoço e carcinoma do pulmão).

Acredita-se que a cisplatina elimina as células cancerosas através da sua ligação ao DNA, interferindo com o seu mecanismo de reparo e levando à morte celular. Depois que a molécula de cisplatina penetra na membrana celular externa e em seguida no núcleo, ela atinge o DNA. Ali ocorre a substituição de um dos íons cloreto por uma molécula de água. A estrutura resultante pode se ligar a um átomo de nitrogênio a uma base nitrogenada de um nucleotídeo no DNA. Então, um segundo cloreto é substituído por outra molécula de água e a platina se liga a um segundo nucleotídeo. Estudos da ligação da cisplatina com DNA indicam uma preferência pelo nitrogênio 7 em duas guaninas adjacentes na mesma fita do DNA.

 

reação

 

Ela também se liga, em menor grau, à adenina e entre as fitas de DNA. O complexo DNA-cisplatina atrai Proteínas do Grupo de Alta Mobilidade 1 (Proteínas HMG1, High Mobility Group 1) e outras proteínas de reparo do DNA, que se ligam irreversivelmente. Isso resulta numa distorção no DNA, impedindo um reparo eficaz. O acúmulo destas ligações da cisplatina ao DNA leva à morte celular. Porém, quando as células cancerosas possuem os mecanismos de identificação de reparo inativos, drogas como a cisplatina tornam-se ineficazes.

 

A cisplatina é encontrada em produtos comerciais como:

 

 

Créditos
Baseado em texto originalmente publicado em : http://www.chm.bris.ac.uk/motm/cisplatin/htmlonly
Versão para o português: Paula B. M. De Andrade, PhD