Propofol, C12H18O
Química Nova Interativa
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O propofol, 2,6-bis(propan-2-il)fenol, fórmula C12H18O, massa 178,27 g.mol-1, é uma substância líquida (T.F. 18 °C) nas condições ambientes.

 

Na molécula do propofol, salienta-se:

 

1O propofol é um derivado fenólico dissubstituído por grupos isopropila nas posições orto à hidroxila fenólica. Ele é um fármaco anestésico de uso hospitalar empregado na indução e manutenção da sedação em procedimentos cirúrgicos. Geralmente, ele é usado em combinação com fármacos opióides ou anestésicos inalatórios. O propofol também é usado no tratamento do mal epiléptico refratário, e em de pacientes de unidades de terapia intensiva (UTI). Há relatos de que o propofol tenha ação antiemética, evitando náuseas e vômitos nos pacientes submetidos à anestesia. Além disso, foi observado que este fármaco alivia coceiras de pacientes que receberam anestésicos narcóticos por via epidural (próximo a medula espinhal). Além da forma injetável, também pode ser inalado, dependendo da finalidade.
A rapidez com que o efeito do propofol se inicia é devida à velocidade com que ele chega ao cérebro e atinge o SNC (cerca de 40 segundos após a injeção). Isto é favorecido pela sua alta lipofilicidade, que lhe permite ser distribuído rapidamente pelos tecidos levando à hipnose, ou sedação. A lipofilicidade observada no propofol pode ser explicada pelo fato de sua estrutura química ser composta basicamente por átomos de carbono e hidrogênio (com exceção da hidroxila fenólica).
O propofol é um agonista de receptores GABA (ácido gama-aminobutírico). A recuperação após o uso de propofol é rápida, e normalmente apresenta menos efeitos colaterais (como náusea e sonolência) do que os anestésicos tiopental, metoexital e etomidato. Como ele possui pouca propriedade analgésica, não costuma ser usados separadamente, a menos que seja em procedimentos simples e curtos.

Os derivados do fenol têm uma vasta aplicação na medicina. O próprio fenol tem capacidade de aliviar a dor quando injetado no nervo. Porém, ele destrói as células vizinhas, ocorrendo a perda da sensibilidade na área inervada.
Na década de 70, os químicos da divisão farmacêutica da ICI (Imperial Chemical Industries) em Alderley Park, interessados em investigar a atividade anestésica e as propriedades fisiológicas do fenol e seus derivados, utilizaram a propriedade emulsificante do Cremophor EL (surfactante sintético) para solubilizar os compostos pouco solúveis em água e os injetaram em animais.

Após ser testado, o fenol apresentou uma boa ação anestésica, porém, a dose hipnótica média era muito próxima da letal. Continuando os estudos, eles testaram vários alquilfenóis. O grande achado ocorreu em 1977, quando eles testaram o 2,6-diisopropilfenol, uma substância que já havia sido sintetizada em 1956. Este composto foi solubilizado na água com auxílio do Cremophor EL e quando 40-70 mg eram injetados, em menos de um minuto e meio já levava o paciente à inconsciência, persistindo a ação por três ou quatro minutos. Além disso, a recuperação era rápida.
Em meados dos anos de 1980, o fármaco passou a ser comercializado e continua sendo até hoje. É muito comum em cirurgias pequenas, onde o paciente pode receber uma infusão endovenosa contínua do propofol. Em algumas operações, a anestesia pode ser mantida apenas pela volatização da substância.
A descoberta do propofol como um poderoso anestésico geral, com ação rápida (início e fim), e baixa toxidez, foi importante para o aprimoramento das práticas cirúrgicas e para o desenvolvimento de novas drogas. Hoje em dia, existem inúmeros análogos do propofol. A potência destes análogos está associada ao tamanho e a forma dos grupos alquila substituintes.

 

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Recentemente, após a morte do ídolo do POP, Michael Jackson, o propofol ganhou muita fama. Michael era adicto ao propofol e falceu após receber uma dose muito alta da droga.
O propofol pode ser sintetizado através do aquecimento do fenol com propeno, sob pressão e na presença de pequenas quantidades de fenóxido de alumínio.

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Por muito tempo ele permaneceu nas prateleiras dos fornecedores como um produto barato e disponível, porém sem algum uso significativo, até ser descoberto como um poderoso anestésico.
Devido à ocorrência de reações adversas, houve uma diminuição no uso do propofol. De acordo com a dose administrada usualmente, pode ocorrer depressão respiratória e apneia transitória, além da diminuição da pressão arterial sistêmica. Houve ainda alguns registros de reações alérgicas ocasionadas pela sua formulação em macroemulsão. Embora as emulsões endovenosas sejam estéreis, a presença de ácidos graxos parece propiciar a contaminação por bactérias e fungos, pois é um meio fértil para muitos mico-organismos.

 

Fonte:    
http://www.rsc.org/Education/EiC/issues/2007Jan/PhenolsMedicine.asp
http://jpet.aspetjournals.org/content/297/1/338.full
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-70942010000500004&script=sci_arttext
http://www.anesthesia-analgesia.org/content/105/4/1066.full.pdf


Créditos: 
Hannah Domingos, graduanda do curso de Farmácia da UFRJ, sob orientação de Rafael Garrett, doutorando da PG em Química do IQ/UFRJ.