Arsênio, As

O ARSÊNIO (As) é um semimetal de número atômico 33 e massa atômica 74, 92 g.mol^-1. A forma alotrópica cinza (representada na figura em 3D), mais comum, tem peso específico de 5,73 g. cm^-3, é frágil, cristalina e, quando aquecida, se oxida ao óxido arsenioso, que tem cheiro de alho. Outra forma alotrópica, de aparência amarela, cerosa e macia, tem peso específico 1,97 g. cm^-3 e encontra-se na forma de um tetraedro.

 

No arsênio cinza salienta-se:

• distribuição em aneis de 6 membros.

 

O assustador arsênio, que já foi relacionado a inúmeros assinassinatos na história da humanidade, foi considerado o grande veneno da Idade Média por ser praticamente insípido, facilmente adicionado aos alimentos, de fácil obtenção, evoluir sintomas deletérios de modo lento no organismo e, no caso de ritual com embalsamento, a detecção do arsênio era praticamente impossível.

 

Foi muito empregado entre os séculos XIX e XX no tratamento de dermatoses como a psoríase, acne, na leishmaniose e na sífilis.

Encontra-se presente na biosfera terrestre e nem sempre é tão tóxico. A água do mar possui de 2 a 3 μg.L^-1, a crosta terrestre possui aproximadamente 2 μg.kg^-1 e os organismos marinhos concentram arsênio
na ordem de de 1 a 30 μg.g^-1. É o 20º elemento mais abundante na crosta terrestre, 14º no mar e 12º no corpo humano.

O arsênio se apresenta, na natureza, nas formas inorgânica e orgânica . Além do As elementar
(nox 0), ocorre como As(III, arsenito), As(V, arseniato), íon monometilarsônico (MMA) e
íon dimetilarsínico (DMA). Em ambiente aeróbico prevalecem as arseniatos adsorvidos em argilas, minerais
de ferro, manganês e pela matéria orgânica, enquanto que em meio redutor prevalecem os arsenitos. Pode sofrer adição do radical metila (CH₃) por ação biológica devido à presença de bactérias como E. coli, Flavobacterium sp e fungos como Aspergillus glaucus, entre outros microorganismos.

 

Compostos de arsênio

 

 

O As faz parte de diversos complexos biológicos. Organismos marinhos, por exemplo, acumulam As de modo bem mais eficiente que os terrestres. A incorporação do As parece ter relação com a troca de N e P nas vias metabólicas. Na forma orgânica, encontram- se ainda arsenoaçúcares presentes em algas.

A presença de As na natureza também está relacionada aos processos industriais, como na manufatura de alguns vidros e de semicondutores; na agricultura encontra-se em herbicidas e inseticidas.

A toxidez do As depende da forma bioquímica em que se encontra e é normalmente expressa na ordem decrescente arsina (AsH₃) > arsenito > arseniato > ácidos alquilarsênicos (como MMA) > compostos de arsônio > arsênio elementar. O As (III) é 60 vezes mais tóxico que o As (v). A arsenobetaína e a arsenocolina são praticamente atóxicos.

O organismo humano faz a metilação do As na tentativa de promover a desintoxicação e reduzir sua afinidade pelos tecidos.